O uso de tecnologias digitais tornou-se parte do cotidiano das famílias, sendo comum observar crianças em contato com dispositivos eletrônicos desde os primeiros anos de vida. Embora a tecnologia ofereça oportunidades educativas e recreativas, a exposição excessiva às telas pode afetar negativamente o desenvolvimento infantil.
Estudos revelam que o tempo prolongado diante de telas está associado a prejuízos na qualidade do sono, alterações no comportamento, obesidade, déficit de atenção e comprometimento nas interações sociais. Além disso, especialistas alertam para um fenômeno relacionado ao empobrecimento das experiências interpessoais em função do uso abusivo de tecnologia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) já publicaram recomendações que limitam o tempo de tela conforme a faixa etária, reforçando a importância de priorizar atividades que estimulem o movimento, o contato com a natureza e a convivência familiar. Para crianças menores de dois anos, por exemplo, o uso de telas deve ser evitado, enquanto para as maiores, deve haver supervisão ativa e equilíbrio com outras vivências.
O uso consciente da tecnologia pode ser benéfico quando inserido em contextos educativos e com objetivos claros. Aplicativos interativos e programas com conteúdos adequados à faixa etária podem colaborar para o desenvolvimento cognitivo e motor. No entanto, isso não substitui o valor das brincadeiras tradicionais, das interações face a face e do tempo de qualidade com pais e cuidadores, que são insubstituíveis para o desenvolvimento emocional e social da criança.
Outro ponto importante a ser considerado é o impacto da tecnologia no comportamento afetivo e no vínculo familiar. Quando as telas substituem interações reais, a criança pode apresentar dificuldades em desenvolver empatia, autorregulação emocional e habilidades de convivência. Por isso, é essencial que os adultos estejam presentes não apenas fisicamente, mas atentos e envolvidos nas experiências compartilhadas com os filhos, utilizando a tecnologia de forma equilibrada e crítica.
Portanto, cabe aos cuidadores e profissionais da saúde e da educação atuarem como mediadores do uso consciente da tecnologia, promovendo um ambiente que favoreça o crescimento saudável e integral das crianças. É essencial refletir continuamente sobre como a tecnologia está sendo usada e garantir que ela seja uma aliada — e não um obstáculo — no desenvolvimento infantil.
Referência:
SANTANA, M. I.; RUAS, M. A.; QUEIROZ, P. H. B. O impacto do tempo de tela no crescimento e desenvolvimento infantil. Revista Saúde em Foco, edição nº 14, 2021. Disponível em: https://www.unifia.edu.br/revista_eletronica/index.php/saudeemfoco/article/view/1047.
Autor do post:
Laryssa Bonifácio – Pedagoga, Psicopedagoga Clínica e Institucional e Coordenadora ABA.
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