Cuidar da autonomia da criança é um dos maiores presentes que uma família pode oferecer. No caso de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o ensino das habilidades de autonomia precisa ser planejado e estruturado, mas os resultados trazem benefícios tanto para a criança quanto para toda a família.
São habilidades do dia a dia que permitem que a criança se torne cada vez mais independente, como:
- Vestir-se;
- Escovar os dentes;
- Usar o banheiro;
- Alimentar-se sozinha;
- Organizar seus pertences;
- Participar de tarefas domésticas.
Com o tempo, também incluem habilidades mais complexas, como usar o transporte público, fazer compras, cuidar da própria higiene e até participar de atividades sociais.
Dificuldades em habilidades de autonomia podem limitar a participação social e aumentar a sobrecarga familiar. Já o treino estruturado dessas habilidades traz vantagens como:
- Redução do estresse da família, que passa a contar com a colaboração da criança em pequenas rotinas;
- Mais tempo para atividades em conjunto, porque a criança participa das tarefas do lar;
- Maior inclusão social, já que a autonomia aumenta a possibilidade de frequentar escola, passeios e atividades comunitárias;
- Preparação para a vida adulta, reduzindo a necessidade de apoio constante.
O ideal é sempre iniciar considerando o nível atual da criança e avançando passo a passo. Algumas estratégias eficazes são:
- Análise de tarefas: dividir a habilidade em pequenos passos (ex.: para escovar os dentes → pegar a escova, abrir a pasta, colocar creme, molhar a escova, etc.).
- Encadeamento: ensinar cada passo da sequência até que a criança consiga realizar a tarefa completa.
- Modelagem: reforçar aproximações sucessivas, como primeiro aceitar sentar no vaso, depois usar com roupa, até o uso independente.
- Rotinas visuais: usar imagens ou quadros que mostrem a ordem das tarefas.
- Vídeo modelação: a criança observa um vídeo de alguém realizando a tarefa e depois imita.
O segredo está em ajustar o ensino às condições reais da família e reforçar cada conquista.
Se combinamos que a criança vai guardar os brinquedos antes do jantar, é importante garantir que essa etapa seja cumprida sempre. Isso dá previsibilidade e segurança.
Se o treino for arrumar a mochila da escola, podemos começar pedindo para guardar apenas um item (como o caderno) e, aos poucos, aumentar para todos os materiais.
No caso da alimentação, deixar que a criança se sirva em pequenas quantidades já é um treino de independência.
Ensinar habilidades de autonomia não é apenas “delegar tarefas”: é construir autonomia, autoestima e qualidade de vida. Quanto mais cedo a criança aprende essas habilidades, mais preparada estará para enfrentar diferentes ambientes, dentro e fora de casa.
Autor do post:
Bruna Araújo – Pedagoga, especialista em Análise do Comportamento Aplicada e Coordenadora ABA.
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