Muitas crianças com TEA têm comportamentos-problemas, porém, a maioria deles não tem relação com o seu diagnóstico. Esses comportamentos podem interferir no processo de aquisição de novas habilidades, sendo de suma importância, portanto, compreender os problemas de comportamento como, por exemplo, em quais contextos eles ocorrem e qual a função deles para o individuo. Para isso, podemos usar um recurso chamado Avaliação Funcional do Comportamento (FBA).
A avaliação funcional do comportamento consiste em investigar como o comportamento é afetado pela motivação, pelos eventos que o antecedem e pelas suas consequências. Quando conhecemos a função e sabemos quando e onde esses comportamentos são mais prováveis de acontecer, podemos planejar uma intervenção para manejá-los como, por exemplo, ensinar condutas adequadas que os substituam.
Uma avaliação funcional do comportamento exige, portanto, que estabeleçamos as relações entre três eventos: o comportamento, os antecedentes (estímulos e motivação) e as consequências (ver Figura 1).
Antecedentes | Resposta | Consequências |
Motivação e o que estava acontecendo anteriormente e no momento em que a resposta é emitida | Resposta que nos interessa | O que acontece no mundo e com a pessoa após a resposta ser emitida |
Figura 1. Componentes da avaliação funcional do comportamento.
Essa relação entre os antecedentes e consequências com a resposta é o que chamamos de “contexto” e está descrita abaixo:
A. Antecedentes: refere-se a tudo o que estava acontecendo anteriormente e no momento em que o comportamento em questão foi emitido, seja no mundo físico ou dentro do organismo em questão.
B. Consequências: tudo o que acontece após o comportamento ser emitido, dentro e fora do organismo.
Uma vantagem da avaliação funcional é que, além de identificar as variáveis importantes para a ocorrência de um fenômeno e permitir intervenções futuras, também possibilita o planejamento de condições para a generalização e a manutenção dessas respostas. Ao identificar em que classe de comportamentos uma determinada resposta se inclui, ou em que classe de estímulos uma determinada mudança ambiental se situa, podemos trabalhar com respostas e/ou estímulos equivalentes.
A avaliação funcional do comportamento é delineada para obter informação sobre as funções de um comportamento para uma determinada pessoa e, assim, permitir que analistas do comportamento possam planejar uma intervenção que seja realmente efetiva. Afinal, se a relação de funcional entre eventos ambientais e um comportamento puder ser determinada, essa relação pode ser alterada, diminuindo assim a probabilidade de um determinado problema de comportamento voltar a acontecer. Para isso, terapeutas podem utilizar estratégias de intervenção que podem consistir em pelo menos três abordagens: alterar as variáveis ambientais antecedentes, alterar as variáveis ambientais consequentes e ensinar comportamentos alternativos.
Além disso, terapeutas e família podem usar as informações contidas na FBA para ajudar a criança a gerenciar seus próprios comportamentos. Isso posto, a avaliação funcional do comportamento é uma ferramenta que nos lembra a todo o momento que comportamentos não acontecem ao acaso.
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