Cuidado, acomodação e Terapia Ocupacional: Você sabe de que forma promover assistência a partir das necessidades dos indivíduos no Transtorno do Espectro Autista?

Entre os desafios mais presentes estão as dificuldades na linguagem, a rigidez comportamental, a resistência a mudanças e a regulação emocional, que podem se expressar por meio de explosões emocionais ou comportamentos desafiadores. Tais manifestações podem estar relacionadas à Disfunção da Integração Sensorial (DIS), condição comum em pessoas com TEA e que facilmente se assemelham.

A Integração Sensorial, portanto, é o processo neurológico pelo qual o cérebro processa, organiza e interpreta os estímulos dos sentidos para gerar respostas adaptativas ao ambiente. Quando há dificuldades nesse processamento, como na DIS, o indivíduo pode apresentar hipersensibilidade (respostas intensas a estímulos, como sons, toques ou texturas) ou hipossensibilidade (respostas diminuídas) e, em alguns casos, a depender da forma como o estímulo se apresenta no ambiente, o sujeito pode apresentar hipossensibilidade e hipersensibilidade.

Essas alterações afetam diretamente o engajamento nas ocupações, como o brincar, o autocuidado, a participação social e a aprendizagem. Também podem impactar o comportamento, contribuindo para dificuldades na autorregulação e na construção de relações sociais e afetivas.

Diante desse cenário, a Terapia Ocupacional, atua com foco na promoção da participação ocupacional ativa e significativa, valorizando a individualidade e as necessidades sensoriais de cada pessoa. Por meio de abordagens centradas no perfil ocupacional do sujeito, o terapeuta ocupacional constrói possibilidades de intervenções para crianças, jovens e adultos que promovam modulação sensorial, favorecendo o desenvolvimento de habilidades na promoção da autorregulação.

Para promover um ambiente que favoreça esse desenvolvimento e respeite a singularidade de cada sujeito, o terapeuta ocupacional busca estratégias a partir da acomodação sensorial, que consiste em promover um ambiente que acomode as necessidades sensoriais do indivíduo. Seu objetivo é fornecer ao sistema nervoso os estímulos adequados para manter um estado de alerta ideal, favorecer o foco e reduzir comportamentos desafiadores.

O terapeuta ocupacional, portanto, é o profissional responsável por avaliar, analisar e construir junto aos sujeitos, um perfil ocupacional que favoreça o seu engajamento em seus contextos sociais, favorecendo a participação e aprendizagem. Além disso, o envolvimento ativo da equipe e da família se torna imprescindível para o desenvolvimento e generalização das habilidades adquiridas, respeitando a singularidade das necessidades da pessoaassistida. Assim, a atuação da Terapia Ocupacional, centrada na pessoa e guiada por evidências, possibilita a ampliação da autonomia, da qualidade de vida e da participação ativa em seu cotidiano e nos seus papéis ocupacionais.

 

 

 

Autor do post:
Lua Zayra – Terapeuta Ocupacional (26142-TO), especializada em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e Estimulação Precoce em crianças com atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor.

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