Você acredita que uma intervenção complexa, como a seletividade alimentar, por exemplo, pode ser conduzida com sucesso por um único profissional?
Nós também não. Devido à sua complexidade, esse tipo de intervenção exige a colaboração de diversos especialistas, cada um trazendo sua expertise única. A integração e a comunicação contínua entre áreas como nutrição, psicologia, terapia ocupacional e análise do comportamento são fundamentais para garantir uma abordagem eficaz, além do envolvimento ativo da família.
A intervenção multiprofissional se destaca por unir o conhecimento de diversas áreas, analista do comportamento, terapia ocupacional, fonoaudiologia, nutrição, entre outras, em um esforço integrado para atender às necessidades específicas do indivíduo. Cada profissional traz sua expertise, e a comunicação constante entre a equipe garante que os objetivos de tratamento sejam ajustados e complementados, de acordo com o progresso e as particularidades de cada caso.
Muitos profissionais podem se sentir frustrados durante o processo por não alcançar os resultados esperados e pressionado por grandes expectativas, é importante entender que atender e acolher pacientes com TEA requer uma abordagem “multidisciplinar”. Aqui estão alguns passos essenciais:
- Busque formação em Análise do Comportamento Aplicada (ABA):
Este é o alicerce para compreender com precisão as necessidades e comportamentos dos pacientes, com base científica sólida. É fundamental que essa formação seja oferecida por cursos reconhecidos e liberados por entidades internacionais, como o BCBA (Board Certified Behavior Analyst) ou o QBA (Qualified Behavior Analyst), garantindo a qualidade e a validade do aprendizado.
- Promova reuniões e compartilhe suas avaliações:
O trabalho em equipe é fundamental. Procure integrar seu planejamento terapêutico com os outros terapeutas envolvidos. Ao compartilhar suas estratégias e observações, você enriquece o processo e favorece uma visão mais ampla e coordenada do tratamento.
- Torne a análise e intervenção colaborativa:
Quando lidamos com comportamentos-problema, é crucial que todos os profissionais envolvidos, bem como os ambientes em que a criança está inserida, participem ativamente do processo de análise e intervenção. A colaboração entre os diferentes contextos melhora significativamente os resultados.
- Intervenções que transcendem a sessão:
Em casos como o desfralde, alfabetização, e seletividade alimentar, o sucesso vai além do que acontece apenas na sua sessão. Compartilhar materiais e integrar as intervenções com outros terapeutas aumenta as chances de sucesso. O alinhamento entre todos os envolvidos é essencial para garantir a continuidade e efetividade do processo terapêutico.
Cada família possui sua própria singularidade e necessidades específicas, mas é essencial lembrar a importância de práticas respaldadas cientificamente em termos de eficácia e direitos. Para garantir uma intervenção de qualidade, considere os seguintes pontos:
- Escolha profissionais que reconheçam e valorizem o progresso da criança, tanto nos pequenos avanços quanto nas grandes conquistas, mantendo o foco na evolução contínua e nas possibilidades de desenvolvimento.
- Busque participar ativamente das estratégias de intervenção comportamental, colaborando com os terapeutas para maximizar o sucesso do tratamento e promover uma abordagem integrada.
- Exija dados claros e detalhados da avaliação realizada, incluindo informações qualitativas e quantitativas, além de devolutivas regulares e objetivos terapêuticos bem definidos.
- Opte por intervenções intensivas e precoces em locais comprometidos com a ciência e ética, onde os resultados sejam humanizados e o suporte multiprofissional seja integrado.
Em conclusão, a escolha de uma intervenção baseada em ciência, ética e integração multiprofissional é fundamental para garantir resultados significativos no desenvolvimento da criança com TEA. Cada família, ao buscar ser parte ativa no processo terapêutico, fortalece as chances de sucesso e proporciona um ambiente mais acolhedor e adaptado às suas necessidades. Valorizar tanto os pequenos avanços quanto as grandes conquistas, e contar com uma equipe comprometida com dados concretos e humanizados, assegura uma trajetória terapêutica mais eficiente e satisfatória para todos os envolvidos.
Referências:
CAMPOS, C. de C. P. de Silva, F. C. P. da CIASCA, S. M. Expectativa de profissionais da saúde e de psicopedagogos sobre aprendizagem e inclusão escolar de indivíduos com transtorno do espectro autista. Revista Psicopedagogia, v. 35, n. 106, p. 3-13, 2018.
PEDUZZI, M. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia. Revista de saúde pública, v. 35, p. 103-109, 2001.
Autor do post:
Joice Maria – Psicóloga (CRP: 13/9917)
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