Imagine tentar ensinar uma criança a ler sem saber exatamente quais habilidades ela já domina. Parece complicado, não é? Para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), esse desafio pode ser ainda maior.
É aí que entra o Instrumento de Avaliação do Repertório Básico para Alfabetização (IAR). Essa ferramenta identifica o que a criança já sabe e o que precisa ser reforçado antes mesmo do processo de alfabetização começar. Mas será que ele funciona para crianças com TEA? E se for preciso adaptar alguma coisa?

> O Que é o IAR e Como Ele Funciona?
O IAR não é apenas mais um teste escolar. Ele avalia habilidades essenciais para a alfabetização, como:
✅ Discriminação auditiva e visual
✅ Coordenação motora fina (essencial para a escrita)
✅ Consciência fonológica
✅ Compreensão de conceitos espaciais e temporais
Na prática, isso significa que, ao aplicar o IAR, o educador descobre, por exemplo, se a criança reconhece sons parecidos, se consegue diferenciar letras e números ou se tem dificuldades em segurar o lápis corretamente. Essas informações são essenciais para planejar umensino mais direcionado.

> Mas e para Crianças com TEA? O Que Muda?
Aqui está o grande desafio! O IAR foi criado para crianças neurotípicas, mas isso não significa que não possa ser usado com crianças com TEA. Estudos mostram que pequenos ajustes podem tornar esse instrumento mais acessível e eficaz.
Imagine um aluno com TEA que tem dificuldades de permanecer sentado por muito tempo ou que se distrai facilmente com ruídos ao redor. Se o teste for aplicado exatamente da mesma forma que para outras crianças, os resultados podem não refletir o verdadeiro potencial dele. Por isso, adaptar a forma de aplicação pode fazer toda a diferença!

> O Que a Ciência Diz?
Pesquisas apontam que crianças com TEA podem ter dificuldades em testestradicionais devido a fatores como:
🛑 Baixa tolerância à frustração
🛑 Padrões de erro repetitivos
🛑 Pouco engajamento na atividade
Mas, ao fazer algumas mudanças na forma como o IAR é aplicado, os resultados podem ser muito mais confiáveis! Um exemplo prático: se a criança se sente mais confortável usando imagens ao invés de palavras escritas, adaptar a avaliação para esse formato pode ajudá-la a demonstrar melhor suas habilidades.

> Adaptações que Fazem a Diferença
Para que o IAR funcione melhor para crianças com TEA, algumas estratégias podem ser aplicadas:
✔ Materiais mais visuais e interativos – substituir textos por figuras pode ajudar crianças que têm dificuldades com leitura inicial.
✔ Flexibilização do tempo de resposta – algumas crianças podem precisarde mais tempo para processar informações.
✔ Uso de reforçadores motivacionais – elogios, adesivos ou intervalos curtos ajudam a manter o engajamento.
✔ Ambiente adaptado – uma sala silenciosa e com poucos estímulos visuais reduz a sobrecarga sensorial.

> Conclusão: O IAR Pode Ser Um Aliado na Inclusão Escolar?
A resposta é sim! O IAR pode ser uma ferramenta valiosa no acompanhamento educacional de crianças com TEA, desde que sejaaplicado de forma flexível e adaptada às necessidades individuais. Ao promover ajustes simples, é possível garantir uma avaliação mais justa e eficiente, permitindo que essas crianças tenham uma experiência de aprendizado mais positiva.
No final das contas, não se trata apenas de avaliar, mas de entender como cada criança aprende para ajudá-la a alcançar seu máximo potencial.

Autor do post:
Bruna Araújo – Pedagoga e Analista do Comportamento
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