Práticas educativas baseadas na coerção, como punições físicas (cantinho do pensamento ou castigo) e controle aversivo, ainda são amplamente utilizadas na educação infantil devido à sua eficácia imediata em cessar comportamentos indesejados. No entanto, essas estratégias podem causar impactos negativos a longo prazo, incluindo dificuldades emocionais, comportamentais e relacionamentos disfuncionais. A orientação parental se apresenta como uma solução transformadora para esse cenário, oferecendo suporte aos responsáveis na implementação de práticas educativas positivas e eficazes, que priorizam o desenvolvimento saudável das crianças.

O treinamento de responsáveis é uma forma de orientação parental fundamentada na análise do comportamento aplicada. Ele busca capacitar os cuidadores a identificar e manejar comportamentos interferentes de maneira assertiva, sem recorrer à violência ou coerção. Por meio de sessões temáticas, os responsáveis aprendem a aplicar reforços positivos, dar instruções claras, estabelecer limites e lidar com situações desafiadoras. Esses programas têm como objetivo principal transformar os responsáveis em co-terapeutas, ampliando suas habilidades educativas e fortalecendo os laços familiares.

Estudos mostram que a participação dos responsáveis em programas de orientação parental traz resultados significativos. Crianças cujos cuidadores passaram por esses treinamentos apresentam avanços em habilidades sociais, redução de comportamentos desafiadores e maior adaptação aos diferentes contextos sociais. O ambiente familiar é um dos principais focos dessas intervenções, pois é onde estão as contingências que sustentam muitos dos comportamentos interferentes. Além disso, responsáveis têm reforçadores altamente significativos, como atenção e afeto, que tornam as estratégias ensinadas mais eficazes.

Apesar dos benefícios, ainda há desafios a serem superados. A adesão ao treinamento de responsáveis pode ser dificultada por desistências ou dificuldades de comparecimento regular às sessões. Mas nossa equipe está pronta para organizar momentos que sejam oportunos para sua rotina e passar estratégias palpáveis, como a adaptação do formato das intervenções, suporte individual e acompanhamento remoto para aumentar a acessibilidade garantindo maior engajamento.
A orientação parental vai além da resolução de problemas comportamentais imediatos; ela representa uma oportunidade de romper ciclos de violência intergeracional. Responsáveis que adotam práticas educativas positivas não apenas garantem o bem-estar emocional de seus filhos, mas também contribuem para o desenvolvimento de adultos mais empáticos e socialmente responsáveis.
Buscar orientação parental é um gesto de amor e responsabilidade. Esse investimento reflete o compromisso em oferecer às crianças um ambiente seguro, onde possam desenvolver seu potencial de maneira saudável. Ao optar por essa abordagem, as famílias não só fortalecem seus vínculos, mas também promovem mudanças positivas em suas comunidades, influenciando a sociedade como um todo.

Referência
SOUSA, L. G. S. (2018). Levantamento bibliográfico de estudos sobre treinamentos de pais: contribuições da análise do comportamento para uma educação não coercitiva.
Autor do post:
Laryssa Bonifácio – Pedagoga, Psicopedagoga Clínica e Institucional e Coordenadora ABA da Clínica Incentivo
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